terça-feira, 10 de maio de 2011

O bom gelo

É ouvir aquele violino com som de neve e brotar aquela serrana nos pensamentos. Cada floquinho desce minuciosamente sobre o coração dela, o floco fica ali várias estações, é frio demais pra derreter. A tez dela é semelhante ao dito cujo, uma brancura e uma palidez aliados a uma beleza morta. Uma beleza que ensolarava o passado. De tão gélido, queimou tudo: plantas, mares, céus, cidades, amores etc. Sim, o gelo também queima, todavia, posteriormente anestesia deixando certos vícios como o de "não sentir mais nada". Assim vive alguns corações tocados por ela, congelaram-se, queimaram-se e anestesiaram-se, agora vivem a dor eterna, amortecidos pelo frio e sua compaixão.

TOA

Caixinhas

Certa feita, tiveram a ousadia de dizer-me que não existiam identidades fixas, tu te molda conforme o local que vive, ou seja, não se poderia colocar o ser humano em caixinhas e definí-los. Obviamente que isso foi um tapa na cara do gaúcho véio. Como alguém pode ousar mudar suas raízes por uma simples mudança geográfica? Tá Guampa! E a cultura não conta neste processo? Dou o braço a torcer e com remorso admito que nos moldamos, até certo ponto, conforme a sociedade em nossa volta. Entretanto, se nos moldamos ao que está em nossa volta, não seríamos seres fragéis, sem vínculo com alguma identidade, só esperando alguma cultura momentânea nos preencher? Entendo que não se pode colocar o ser humano em caixinhas e definí-las, pero, eu me julgo por caixinhas, mesmo sabendo que não é a maneira mais correta de se analisar aspectos sócio-culturais. Não me colocando em caixinhas, não tenho fronteiras, não tenho entre-lugares, não tenho nada para identificar-me. Homem sem pago e sem querência é coisa de pós-moderno, e essa marola pós-moderna, logo vira "marolinha".

TOA