sábado, 3 de agosto de 2013

O Rancho Sólito

Música que foi inspiração deste blog abandonado. Critério do vídeo: melhor versão da música na minha opinião. Jairo Lambari Fernandes - Por um abraço

sábado, 3 de dezembro de 2011

Mateando

Como dói lembrar o ninho
Que o tempo levou na enchente
Mas porém deixou semente
De tristeza e de amargura
Pra reviver a ternura
De alguém que já foi da gente

É por isso meu Patrício
Que não mateio solito
Embora o verde bendito
Pra mim seja mais que vício
É o meu último munício
Que não despenso, nem largo
E peço a Deus
Sem embargo
Da xucreza do meu canto
Que no céu
Me guarde um santo
Parceiro pra um mate amargo

Jayme Caetano Braun

sábado, 16 de julho de 2011

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 10 de maio de 2011

O bom gelo

É ouvir aquele violino com som de neve e brotar aquela serrana nos pensamentos. Cada floquinho desce minuciosamente sobre o coração dela, o floco fica ali várias estações, é frio demais pra derreter. A tez dela é semelhante ao dito cujo, uma brancura e uma palidez aliados a uma beleza morta. Uma beleza que ensolarava o passado. De tão gélido, queimou tudo: plantas, mares, céus, cidades, amores etc. Sim, o gelo também queima, todavia, posteriormente anestesia deixando certos vícios como o de "não sentir mais nada". Assim vive alguns corações tocados por ela, congelaram-se, queimaram-se e anestesiaram-se, agora vivem a dor eterna, amortecidos pelo frio e sua compaixão.

TOA

Caixinhas

Certa feita, tiveram a ousadia de dizer-me que não existiam identidades fixas, tu te molda conforme o local que vive, ou seja, não se poderia colocar o ser humano em caixinhas e definí-los. Obviamente que isso foi um tapa na cara do gaúcho véio. Como alguém pode ousar mudar suas raízes por uma simples mudança geográfica? Tá Guampa! E a cultura não conta neste processo? Dou o braço a torcer e com remorso admito que nos moldamos, até certo ponto, conforme a sociedade em nossa volta. Entretanto, se nos moldamos ao que está em nossa volta, não seríamos seres fragéis, sem vínculo com alguma identidade, só esperando alguma cultura momentânea nos preencher? Entendo que não se pode colocar o ser humano em caixinhas e definí-las, pero, eu me julgo por caixinhas, mesmo sabendo que não é a maneira mais correta de se analisar aspectos sócio-culturais. Não me colocando em caixinhas, não tenho fronteiras, não tenho entre-lugares, não tenho nada para identificar-me. Homem sem pago e sem querência é coisa de pós-moderno, e essa marola pós-moderna, logo vira "marolinha".

TOA