sábado, 16 de julho de 2011

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

  1. Ele faz da ausência uma parte de si. Não uma parte triste, mas parte do que o faz ser como ele é. Necessária.
    Valeu a indicação, camarada.

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