sábado, 26 de março de 2011

Como virei padrinho

Certa feita, tomava um mate e analisava o que se passava do lado de fora da minha janela. O tempo era daqueles cinzentos, um minuano de renguear os pêlos assoviava nas frestas do meu Rancho, e uma lluvia fina, entretanto incansável, caía sobre o pasto. Já fazia um bom tempo que não escutava resmungos vindos de gentes, e tão pouco era escutado tamanho o meu exílio. Entonces, eis que tinha cansado do silêncio. Tinha acendido uma vela pro Negrinho, precisava achar algo pra acabar com o vazio que assolava meu Rancho Sólito. O Negrinho nunca falhou, e logo achei o que procurava. Depois de alguns anos vivendo silenciosamente, voltei a escutar e a conversar com alguém. Na realidade falava com sete pessoas, cada um tinha um tom de voz diferente, combinavam-se em ritmos, oras lento, oras acelerado. Os sete irmãos levavam na identidade o sobrenome de cordas, "Os Sete Cordas". Creio que tenham sido os únicos viventes que aguentaram minhas lamúrias e alegrias de pinguço. Mas como tudo tem seu ciclo, os sete irmãos enjoaram de mim, e logo voltaram pra sua terra. Fiquei extremamente deprimido até conhecer uma grande amiga, seu nome era gaita. 
Passaram alguns dias, e a falta dos sete irmãos era grande, mesmo com a gaita os sete irmãos ainda deixavam um vazio dentro de mim. Não sabia se a recíproca era verdadeira, então resolvi arriscar uma nova prosa com os sete gurizotes. Além de reatar meus laços com meus antigos amigos, acabei apresentando os sete irmãos a minha nova companheira de mate, e então aconteceu algo inesperado, os sete irmãos se apaixonaram pela gaita. A sintonia dos sete irmãos com a bela gaita era tão grande, que não gerava tipo algum de ciúme entre eles. Desde o dia em que os apresentei nunca mais se separaram. E eu fiquei aonde em tudo isso? De padrinho, escutando ambos todos os dias.

TOA

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