quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A lamúria pelo êxodo urbano

Gerôncio Monte Filho

Como em todas manhãs, coloquei a pilcha véia, cevei aquele mate e fui-me trotear pelo mundão. O que a cada dia fica mais estranho é o caminho que faço com meu baio. Antigamente o passeio pelo campos eram limpos, só se via mato e quero-quero. Esse negócio de modernizar o campo, ideia destes frescos da capital, tem me tirado o sossego. Primeiro eles veem querendo acabar com as nossas terras, dividir, eles chamam de reforma agrária. Esses brasileños não aprenderam que essas terras não se dividem, sempre foi assim, e não é agora que vai mudar. Apesar desses Haragano quererem se meter a galo aqui, eles trouxeram coisa decente: agora não tenho que correr aquela campanha toda atrás de uma canha, agora tem bolicho por tudo que é lado, tudo é perto, hospital pros piazito, apesar que isso já é meio afrescalhado, se o véio  aqui se criou a base de junjo, essa gurizada também pode se criar. Outra coisa que me incomoda, é esses padre guampudo, esse negócio de igreja é uma mentira inventada pra gineteada gastar sua miséria que ganha, em troca, dizem que é salvo. Eu só não meto o chumbo nessas praga, porque a peonada, por culpa de suas señoras, acreditam nesses negócio de Religião, de mim, esses salafrários não tiram um tostão. Querem agora eleger político aqui na região, através de eleição, aonde vamos parar com tudo isso? O pessoal é mal agradecido, esquece de quem ofereceu emprego, e agora querem nos tirar da política sem mais. Assim que voltares, conversaremos mais sobre isso, até porque, teu estudo é pra manter o que é nosso. Piazito, te cuida no meio desse pessoal, essa gente da capital não é de confiança. Como andam os estudos? A tua mãe aguarda uma carta tua, já me aporrinhou pra escreve esse troço aqui, no mais tudo tranquilo. Teu pago mudou muito, tá cada vez mais agitado, acho que o mundo tá ficando sem espaço, e esses guampa furada tão se tocando pra cá, além de se meter onde não são chamado, tão fazendo a cabeça da nossa gente. Eles podem até ficar tropeando por aqui, mas na nossa terra, quem botar os pés, sai a paulada. 

Hasta luego piazito!

Gerôncio Monte
Itaqui, 13 de Fevereiro de 1961 


TOA

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